O jejum é uma prática espiritual milenar, mas hoje sabemos que tem mesmo benefícios transformadores para a nossa saúde. Querem entender a ciência complexa, mas acessível a muitas pessoas, por trás do jejum? Para além da facilidade na perda de peso, quais os benefícios para um envelhecimento saudável? Este artigo é para vocês.
Os benefícios do jejum entraram agora no interesse público, o que significa que muito dos praticantes e defensores médicos estão a ser questionados sobre como o fazer em segurança, eficácia, e com a melhor integração na nossa vida diária.
É talvez das intervenções dietéticas mais antigas e poderosas que se possa imaginar. No entanto, de alguma forma, perdemos o seu poder e negligenciámos o seu potencial terapêutico.
Aprender a jejuar corretamente dá-nos a opção de o usar... ou não.
Jejum intermitente: o que é?
É uma estratégia alimentar com restrição de tempo (exemplo: jejum de 16 horas e alimentação numa janela de 8 horas), ou uma alteração no padrão de restrição energética (restrição energética intermitente). Ganhou popularidade nos últimos anos e mostra-se promissor como um possível novo paradigma na abordagem da perda de peso e na redução da inflamação (responsável por muitas doenças e envelhecimento celular), e tem muitos potenciais benefícios de saúde a longo prazo.
Novos estudos são diariamente publicados sobre os benefícios de se comer num período de 6 horas e jejuar por 18 (uma das possibilidades). Estas janelas alimentares podem desencadear uma mudança metabólica da fonte de energia baseada em glicose (açúcar) para uma fonte energética baseada em cetonas, com aumento da resistência ao stress, aumento da longevidade e diminuição da incidência de doenças, como o cancro e a obesidade.
Jejum intermitente não é fome!
Não, o jejum é muito diferente da fome. Tem duas grandes diferenças: o controlo e a escolha.
A fome é a ausência involuntária de comida por muito tempo, podendo levar a grande sofrimento e até a morte. Não é uma opção controlada.
O jejum é a abstenção voluntária de alimentos, por motivos espirituais, de saúde ou outros. Pode ser uma excelente opção quando feito corretamente.
Um dos maiores problemas das sociedades mais desenvolvidas é o oposto à fome. É o excesso de peso e a obesidade. Olhem à vossa volta... já repararam como a maioria das pessoas está com gordura a mais? Rapazes jovens com gordura mamária, mulheres com gordura abdominal e pessoas numa luta contra a balança. Já se perguntaram porquê?
Quando é uma escolha
Os alimentos estão facilmente disponíveis em qualquer lugar e a qualquer hora, mas está nas vossas mãos a opção de não os comerem. Isso pode ser por qualquer período de tempo, de algumas horas a alguns dias, ou – com supervisão médica – até uma semana ou mais. Podem começar um jejum em qualquer momento à vossa escolha e também podem terminar um jejum à vontade.
Sempre que não comem qualquer alimento, estão a jejuar de forma intermitente. Por exemplo, se não comerem nada entre o jantar e o pequeno almoço no dia seguinte, estão a fazer jejum num período de aproximadamente 12-14 horas. Nesse sentido, o jejum intermitente já faz parte da nossa rotina da vida quotidiana.
Considerem agora o termo "breakfast" (pequeno-almoço em inglês: “break”, quebrar + “fast”, jejum). Esta primeira refeição do dia é aquela que interrompe o jejum – que é feito diariamente. Em vez de algum tipo de punição cruel e incomum, a língua inglesa reconhece implicitamente que o jejum é realizado diariamente, mesmo que apenas por um curto período.
Os benefícios do jejum intermitente
Um dos primeiros grandes benefícios, e mais óbvio, é o emagrecimento/perda de peso.
Mas o jejum tem muito mais vantagens. E sem custos. Pode ajudar-nos a fazer uma espécie de reset dos nossos “vícios” alimentares, a recomeçar uma alimentação mais saudável e a percebermos como a nossa fome é, na maioria das vezes, emocional.
Os períodos de jejum eram frequentemente chamados “purificações” ou "desintoxicações", e a ideia mantém-se. Ganharmos novamente o autocontrolo que muitas vezes perdemos, e ajudarmos o nosso corpo a libertar-se de muitos excessos de que por vezes não temos consciência. O método é simples. Basta abstermo-nos de comer alimentos por um determinado período de tempo.
Alguns dos benefícios em estudo para a saúde do jejum intermitente incluem:
perda de peso e gordura corporal
melhoria do perfil de colesterol
aumento da queima de gordura
maior longevidade
redução da inflamação
melhoria dos níveis de energia
diminuição dos níveis de insulina e açúcar no sangue
possivelmente, uma reversão da diabetes tipo 2
melhoria da clareza mental e concentração
potencial prevenção da doença de Alzheimer
activação da limpeza celular, estimulando a autofagia (uma descoberta que recebeu o Prémio Nobel da Medicina em 2016)
redução dos fatores de risco associados a doença arterial coronária, acidente vascular cerebral, sensibilidade à insulina e pressão arterial
melhoria ou aumento da hormona do crescimento (pelo menos no curto prazo), potenciando a massa muscular
ativação da limpeza celular, por estimulação da autofagia.
Além disso, o jejum oferece muitas outras vantagens importantes, que não estão disponíveis nas dietas típicas.
Embora as dietas possam complicar a vida, o jejum intermitente pode simplificá-la. Embora as dietas possam levar tempo, o jejum economiza tempo. Embora as dietas possam ser limitadas na disponibilidade de alguns alimentos certos, o jejum está disponível em qualquer lugar.
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